A úlcera é um ferimento na pele, que pode ser decorrente de um machucado, uma batida ou um corte, ou ainda aparecer espontaneamente.
As úlceras resultam da quebra do tecido da pele e podem ser dolorosas.
Existem três tipos diferentes de úlceras:
As úlceras de estase venosa, também conhecidas como varicosas, são o tipo mais comum de úlcera da parte inferior do corpo, especialmente nos tornozelos.
Algumas cicatrizam rapidamente e outras demoram ou nunca fecham. Isso depende da presença ou não de doenças da circulação, pressão alta, diabetes, inflamações e infecções da pele etc.
Nos pacientes portadores de varizes a circulação venosa está comprometida devido à insuficiência das válvulas das veias. Ocorre um aumento da pressão do sangue dentro das veias, que não consegue voltar de forma adequada ao coração.
Esse aumento da pressão leva ao extravasamento de água, células do sangue e fatores inflamatórios de dentro da veia para o espaço entre as células da pele e do tecido gorduroso subcutâneo. Esse mecanismo é o responsável pelo inchaço e pelo aparecimento de áreas de coloração escurecida na pele da perna (dermatite ocre). Quanto mais extravasam essas substâncias e células, mais difícil se torna a circulação local, e quanto mais difícil a circulação, mais extravasamento: é um ciclo vicioso. E este ciclo vicioso causa alterações na nutrição da pele porque dificulta a chegada do sangue arterial rico em nutrientes nas áreas afetadas. Uma vez que as células daquela região da pele morrem por falta de oxigênio e nutrientes, aparece uma ferida. O aparecimento da úlcera também pode ser desencadeado por um trauma local (corte, batida, escoriação), que, atingindo uma pele já doente e sofrida, acaba abrindo uma lesão.
Além de levar ao aparecimento da úlcera, o mesmo ciclo vicioso leva à perpetuação da úlcera. Há pessoas que ficam meses, anos e até décadas com úlceras nas pernas que não cicatrizam.
Para resolver a ferida, é necessário tratar a origem do problema: a hipertensão venosa crônica.
O curativo visa evitar a infecção local, proteger contra traumas, absorver secreções e manter um ambiente hidratado e propício à cicatrização da ferida.
Curativos com gaze e faixa as vezes podem ser trocados de 2 a 3 vezes ao dia evitando a contaminação, uma vez que a ferida pode produzir secreção em excesso. Curativos sofisticados, confeccionados com substâncias antimicrobianas podem permanecer por mais tempo. É obrigatória a orientação de um médico e equipe de enfermagem sobre como e quando trocar o curativo e que material utilizar.
O tratamento tópico de feridas visa favorecer um processo de cicatrização eficaz e seguro. Porém podem ser bem demorados.
PRP – PLASMA RICO EM PLAQUETAS
Pesquisas não tão recentes demonstram a eficiência e otimização do PRP na regeneração de tecidos.
Inicialmente foi utilizado na odontologia para regeneração óssea em enxertos e em seguida fazer implantes dentários. (1)
Seguindo nesta trajetória, a ortopedia em alguns países também a utiliza na regeneração óssea em fraturas e enxertos ósseos. Um jogador brasileiro fez uso desta técnica na Europa em uma fratura no pé.
Os estudos continuaram na área de cirurgia plástica, sendo utilizado como coadjuvante em enxertos de pele. Trabalhos mostram que melhora o resultado. Outros estudos mostraram a importância do PRP em úlceras. (2)
O Plasma Rico em Plaquetas – PRP – vem sendo utilizado no tratamento de feridas por conter os fatores de crescimento plaquetários. Há evidências científicas sobre os resultados favoráveis do uso do PRP em feridas crônicas de perna. (3)
Como as úlceras apresentam circulação deficitária não chegam nutrientes, oxigênio e principalmente fatores de crescimento que permitem a cicatrização.
PROCEDIMENTO:
É colhido um pouco de sangue do paciente. Em seguida é centrifugado e separadas as partes sólidas da líquida (plasma). Tudo isso realizado em consultório.
O resultado é um gel rico e consistente que é aplicado sobre a ferida. Ele forma uma camada protetora, agindo como um curativo biológico. Como se trata de tecido do próprio paciente, causa pouca ou nenhuma irritação na ferida, contribuindo com a analgesia (combate a dor).
O plasma rico em plaquetas é, na verdade, rico em fatores de crescimento plaquetário. Estes fatores promovem o crescimento de novos vasos sanguíneos que melhoram a irrigação da ferida. Também estimulam a divisão celular acelerando a cicatrização. Além disso, o gel age como proteção à infecção.
O tempo de evolução para o fechamento da ferida depende de vários fatores tais como tamanho, profundidade, existência de infecção entre outros.
Ao longo do tratamento podem ser necessárias várias aplicações de PRP, que são realizadas a cada 15 ou 20 dias.
A utilização do PRP não substitui o tratamento da insuficiência venosa e nem o uso de antibióticos, caso necessários.
A indicação de um tratamento depende de vários fatores relacionados ao problema e ao paciente. Porém somente médicos especializados deverão indicar e realizar estes procedimentos, eles sabem qual a melhor escolha, pois para cada caso há uma conduta específica.
(2) – Aplicações de Plasma Rico em Plaquetas na Medicina (BIOSCIENCE)
(3) – Surgical and Cosmetic Dermatology – Volume 7 – Número 1